Pelotas-patrimônio?
Meio-fio entre o funcional e o histórico
Estruturas de granito, características de Pelotas, são por vezes trocadas pelo concreto nas calçadas por conta da diferença de preço
Jô Folha -
Eles são históricos e característicos de Pelotas. Por outro lado, têm no elevado preço um revés. Sob um viés ou outro, é instigante a substituição dos meios-fios de granito por estruturas de concreto, mais baratas, nas obras que a prefeitura realiza em avenidas como a Bento Gonçalves, a Dom Joaquim e a Duque de Caxias, e em ruas como a General Osório.
Em relação ao assunto, o secretário de Planejamento e Gestão, Paulo Morales enfatiza “ser necessário separar o que foi removido daquilo que será realinhado”. Segundo ele, as estruturas, de importante valor afetivo e financeiro para a cidade, quando trocadas, seguem no canteiro de obras até receberem uma nova utilidade, sendo esse o caso de pedras que hoje se encontram na Duque de Caxias. A responsabilidade, diz, é sempre da empresa que executa o projeto, que tem como missão utilizá-las no mesmo trabalho, ou devolvê-las à Secretaria de Obras e Pavimentação, onde ficam mantidas até surgir a possibilidade de serem deslocadas a um novo uso. Entretanto, atualmente, de acordo com o engenheiro Ubiratan Anselmo, atual titular da pasta, não há nenhuma pedra de granito localizada no referido espaço. O Diário Popular tentou o contato com a Mac Engenharia, que executa o projeto de requalificação da avenida localizada no Fragata, mas não obteve retorno.
Uma modernização
Paulo Morales tem argumento para a utilização do concreto nas obras. Segundo o secretário, na maior parte dos casos, tais estruturas foram instaladas em locais onde anteriormente meio-fio algum havia, tendo sido poucas as vezes em que uma troca de material foi realizada. Em ambos os casos, diz, a escolha se dá por questão estética e funcional: apesar de contribuir para contar a história de Pelotas, ponto sempre a ser valorizado em uma cidade que busca ter força dentro do turismo, o granito não garante um alinhamento perfeito nas ruas, o que era buscado pela secretaria como uma espécie de modernização.
Morales também utiliza o lado financeiro como argumento: seria inviável ao Poder Público a compra de mais estruturas de granito, consideravelmente mais caras que as de concreto. Em cidades como Niterói (RJ) e Curitiba (PR), a utilização de granito em calçadas já foi motivo de polêmica exatamente pelo viés econômico.
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